domingo, 17 de agosto de 2008

Hoje chorei, senti a tua falta e tive saudades tuas...

Sabe sempre bem visitar os lugares onde passamos bons momentos da nossa infância e parte do principio da adolescência, ou melhor diria: idade da parvoíce!
A previsão meteorológica não se enganou e assim, trouxe-nos a chuva e escondeu-nos o sol, no entanto e como a natureza é sempre surpreendente, presenteou-nos com um ECLIPSE PARCIAL DA LUA!
Ainda assim, mesmo debaixo de chuva consegui mostrar á Mariana alguns sítios por onde brinquei muito quando era pequenina! A casa, o jardim, os caminhos, as arvores... Foi muito bom recordar tudo... mas sem querer e sem me aperceber ao longo do dia fui “vendo” o meu AVÔ em todos os cantinhos, em todas as coisas... Tudo isto porque o meu avó preenchia os nossos dias com simples mas inesquecíveis pormenores. Quando vi o jardim, lembrei-me da alegria com que o meu avó preparava ansiosamente, a cama de rede e o baloiço antecipadamente á nossa chegada no inicio das férias de verão.

O baloiço fica vazio, mas a memória está preenchida.

Ao ver os campos, recordei os deliciosos frutos silvestres que apanhávamos e consequentemente também as, inúmeras dores de barriga! Como se dirias tu: “Quem corre por gosto não cansa”! Talvez por isso ainda tenho como costume levar a Mariana a apanhar amoras! Há coisas que ficam para sempre!

E depois destas recordações tão saudosas, vieram outras e outras e mais outras...
As vezes que te chateávamos para nos levares ao açude e tu nunca dizias que não! E para além de teres sempre disponibilidade, fazias tudo isso com muito encanto! Depositavas em tudo uma história tua...Talvez tenhas dessa forma contribuído para o meu jeito encantador de ainda hoje, olhar as coisas simples sobre outra perspectiva diferente da maioria das pessoas que me rodeiam. Como por exemplo hoje mesmo! Há horas atrás, disseram-me que não era normal, estar assim tão encantada ao contemplar o eclipse da lua!
Se estivesses aqui avó, sei que também tu, irias ficar na lua com o eclipse e nos irias explicar todos os pormenores com todo aquele teu jeito de contar histórias. E por falar nelas, lembrei-me também das nossas refeições sempre cheias bom humor, pois tudo te servia para contar uma peripécia , uma advinha, um verso, uma anedota... o que fosse! Fazias-nos rir e contagiavas tudo e todos com o teu jeito de ser! E sabias sempre tudo! Gostava quando me ensinavas a fazer as palavras cruzadas, quando víamos os programas da vida selvagem e nos mostravas, orgulhoso, todo o conhecimento que tinhas. Ensinaste-me a gostar mesmo muito da natureza. E a olha-la com fascínio e admiração.

Num dos sítios que passei hoje, junto á casa, lembrei-me da que apanhamos! Ensinaste-nos a hipnotiza-la, com festas na barriga...fizemos-lhe uma “casa-de-lago” e baptizamo-la com o nome de Chico! Se fosse hoje em dia, pedir á Mariana, um nome para uma rã, primeiro iria chorar de medo e certamente o nome seria algo semelhante a : Noddy, Ruca, Chiquititta...!
Entretanto para nossa tristeza a rã morreu, presumo que não tivesse gostado muito das condições climatéricas da casinha. Mas, não ficou por aqui, pois eu fiz-te construir uma cruz com pauzinhos e fizemo-lhe um funeral, digno de uma !
Lembrei-me também das flores de miolo de pão que fazíamos, dos truques de magia que nos ensinavas, das nossas idas ao teatro, das histórias da tua infância, das tuas moedas de colecção, dos reis, rainhas, reinados a quem elas pertenceram...ainda tenho guardado o meu bloco de folhas onde tu registavas o nome dos lugares e cidades que visitávamos. Ligavas aos pormenores, como eu!

Hoje fomos apanhar caracóis! Dizias sempre, que estes dias de chuva é que eram bons! Tinhas razão, como sempre. Tu sabias tudo avô! Até fazias os melhores caracóis do mundo! Até aqui eu encontrei memórias de situações que passávamos!

Foram mesmo muitas as saudades que tive tuas hoje e por isso apercebo-me agora que estou a escrever como se estivesses aqui e eu estivesse a falar contigo. Atenua a saudade.

As tuas magias encantavam-nos, mas o melhor truque de todos, aquele que agora decifro, e que poucos o sabem tão bem fazer: é que em vez de nos teres presenteado com brinquedos, computadores ou playstations, tu deste-te a ti próprio, nesta historia que foi a tua vida!

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