segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E Não Viverem Felizes Para Sempre


“Podemos desdizer hoje o que dissemos ontem, podemos gritar hoje, por ódio, o que ontem segredávamos por amor.
Mas o silencio fica porque nunca mente, porque é tão intimo que não pode ser representado, é tão envolvente que não pode ser rasgado.
Conheço bem Albert e Marta, conheço bem a sua historia, visto que sou o melhor amigo e confidente de ambos.
Sei o quanto se amam no silencio e á distancia e não sei dizer como acabará a sua história. Ele destroí-se, ela defende-se.
Cada um deles faz por desejar ou fingir desejar a salvação própria, mas, acima de tudo, teme a salvação do outro. O silencio é o que lhes resta. O que os une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além do qual não há nada mais do que a escuridão dos abismos. E, por isso, nenhum deles ousa qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer coisa que possa romper esse ténue fio que os prende á eternidade. É uma historia triste e sem fim feliz á vista. Conto-a, porque me parece que ela encerra uma lição útil: nunca devemos amar em silencio, nada é mais perigoso do que dividir com outrem os pensamentos vividos em silencio. Um amor feliz precisa do turbilhão das palavras, das frases aparentemente inúteis e sem sentido, precisa de adjectivos, de elogios, do ruído das banalidades. Não há felicidade que não seja tantas vezes fútil...”

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre.



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